ANALFABETA
“e
de que serve um livro sem imagens?”
Lewis Carroll
Alguns
anos atrás, quando eu ainda era uma criança analfabeta, eu via o mundo de um jeito bem diferente. Via as placas das ruas, os cartazes, textos, etc que para
mim eram apenas símbolos, sem nenhum significado. E ao pegar os livros, eu mesma
inventada as histórias, pois ao meu ver aquelas letras não tinham o menor
sentido, por isso não entendia como alguém pudesse se divertir lendo um livro
sem imagens. Bom, mas depois de passar pelas difíceis e dolorosas aulas de português
do primeiro ano do fundamental, virei uma nova pessoa que agora sabia ler e
escrever conhecia todas as letras do alfabeto, era capaz de ler um livro
infantil inteiro e entender tudo. Então ao passear pelas ruas para compensar os
vários anos que eu não sabia ler, lia todas as placas, cartazes, anúncios,
nomes de lojas e restaurantes possíveis que eu encontrava. Para mim agora tudo
fazia sentido, e quando relia os livros percebia como era muito diferente do
que eu inventava.
Mas aí me deparei com um problemão,
olhei para uma folha onde havia letras, mas não eram como as que eu conhecia,
eram todas ligadas e faziam voltas e círculos, eu não entendia nada o que
estava escrito, o que seria aquilo? Comecei a surtar, fui desesperada perguntar
para o meu pai o que era aquelas letras esquisitas. E foi ai que conheci a letra
cursiva, a malvada e desprezada letra cursiva. Tive de passar de novo aquele
sofrimento para aprender essa nova linguagem. E mal sabia eu o que enfrentaria pela
frente com as regras gramaticais, que até hoje não sei direito.