domingo, 3 de junho de 2018



ANALFABETA
“e de que serve um livro sem imagens?”
Lewis Carroll          
        Alguns anos atrás, quando eu ainda era uma criança analfabeta, eu via o mundo de um jeito bem diferente. Via as placas das ruas, os cartazes, textos, etc que para mim eram apenas símbolos, sem nenhum significado. E ao pegar os livros, eu mesma inventada as histórias, pois ao meu ver aquelas letras não tinham o menor sentido, por isso não entendia como alguém pudesse se divertir lendo um livro sem imagens. Bom, mas depois de passar pelas difíceis e dolorosas aulas de português do primeiro ano do fundamental, virei uma nova pessoa que agora sabia ler e escrever conhecia todas as letras do alfabeto, era capaz de ler um livro infantil inteiro e entender tudo. Então ao passear pelas ruas para compensar os vários anos que eu não sabia ler, lia todas as placas, cartazes, anúncios, nomes de lojas e restaurantes possíveis que eu encontrava. Para mim agora tudo fazia sentido, e quando relia os livros percebia como era muito diferente do que eu inventava.
         Mas aí me deparei com um problemão, olhei para uma folha onde havia letras, mas não eram como as que eu conhecia, eram todas ligadas e faziam voltas e círculos, eu não entendia nada o que estava escrito, o que seria aquilo? Comecei a surtar, fui desesperada perguntar para o meu pai o que era aquelas letras esquisitas. E foi ai que conheci a letra cursiva, a malvada e desprezada letra cursiva. Tive de passar de novo aquele sofrimento para aprender essa nova linguagem. E mal sabia eu o que enfrentaria pela frente com as regras gramaticais, que até hoje não sei direito.  

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